12 de ago. de 2011

A Natureza do Discipulado

Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.”
Lc. 14:26,27

Na postagem anterior falei sobre o Discipulado como missão da Igreja, isto é, à medida que a igreja anuncia o Evangelho, ela discipula, pois o discipulado é inerente ao evangelismo. Evangelismo sem discipulado, às vezes, pode tornar-se como uma criança que nasceu, mas privada do direito de crescer e viver as experiências singulares da vida adulta.
Hoje, desejo discutir sobre a natureza do discipulado, suas implicações, seu preço. Quando Jesus deu a ordem em Mateus 28:16-20, para discipular, Ele estava falando de algo que já tinha ensinado aos seus discípulos e, portanto, dando-lhes a lição de que, uma vez sendo discipulado, cada discípulo passa a ser um discipulador; esta é uma das máximas do discipulado: discípulo treinado, passa a ser discipulador.
Mas, ser discípulo de Jesus é ser como Jesus, é seguir literalmente seus passos, é estar pronto para pagar o mesmo preço que Ele pagou. Jesus Cristo não é uma "marca" a ser ostentada na camiseta ou no adesivo do automóvel. Ele é Deus e, sendo Deus, se fez homem, tomou a cruz que era nossa, assumiu nosso lugar de pecadores, deu sua vida para salvar a nossa e, seguí-lo, é dedicar-lhe a mesma devoção.

Entendendo a natureza do discipulado

O discipulado implica em amar ao Mestre acima de todas as coisas: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo." (Lc. 14:26).
Aborrecer aqui implica em não atribuir aos parentes mais chegados a mesma devoção que se daria a Cristo, isto é, nem mesmo todo o amor que o discípulo tenha pelas pessoas mais próximas de sua família, pode ser maior que o seu amor pelo Mestre. Aborrecimento não tomado aqui como valor absoluto, pois em outras passagens Cristo ensina-nos a amá-los e honrá-los. Basta um olhar em Gn. 29:30,31 e ver que em algumas versões mais antigas, a expressão "...amou a Raquel e aborreceu a Lia" é a mesma para "...amou também a Raquel mais do que a Lia...". Logo, aborrecer aqui é amar menos, é priorizar o amor a Raquel. Nosso amor para com o Mestre deve estar acima de todas as coisas.

O discipulado tem um custo: "Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que a acabar?
¡Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem, comecem a zombar dele,
¡
dizendo: Este homem começou a edificar, e não pôde acabar.
¡Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se assenta primeiro e consulta se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?
¡Se não, enquanto o outro ainda está longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo-lhe condições de paz. " Lc. 14:28-32
Sempre que lemos este texto lembramos sobre planejamento, mas na verdade a lição central deste texto está relacionada com o discipulado e ela é o custo, o preço a ser pago para seguir o Mestre. Jesus queria dizer que, assim como é insensato lançar mão de um grande empreendimento sem pagar o custo do planejamento, investir em plantas, avaliar os investimentos, assim também quem quisesse ser seu discípulo deveria estar pronto para assumir os riscos e pagar o preço de seguí-lo. Daí Jesus declarar no versículo 33: "Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo."

A natureza do Mestre determina a natureza do discipulado: "Desde esse tempo começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia.
lPedro, chamando-o à parte, começou a admoestá-lo, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.
lMas ele, voltando-se, disse a Pedro: Sai de diante de mim, Satanás; tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não cuidas das coisas de Deus, mas sim das dos homens.
lEntão disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
lPois o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e o que perder a sua vida por minha causa, achá-la-á.
lQue aproveitará o homem, se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
lPois o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai com os seus anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
lEm verdade vos digo que alguns dos que estão aqui, de modo algum morrerão, até que vejam o Filho do homem vir no seu reino. " (Mt. 16:21-28)
A declaração de Jesus sobre sua morte na cruz foi tão forte para Pedro, que se deixou ser usado por Satanás, conforme afirmou Jesus. Pedro não aceitava que o Mestre fosse vilipendiado sobre a cruz. Jesus então o choca ainda mais, dizendo-lhe que seus discípulos, se quisessem seguí-lo, deveriam estar prontos para o mesmo. Parafraseando Jesus: "se eu, o Mestre, estou estou disposto a dar a minha vida por vocês, renunciando tudo por vocês, estejam também preparados para perderem tudo por a mim" Seguir Jesus é estar disposto a perder para ganhar! A natureza do Mestre determina a natureza do discipulado!

Não há fidelidade parcial no discipulado: "Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo." (Lc. 14:33)
Renuncia é o cerne da questão em discipulado. Se não formos capazes de renunciar a tudo por a Cristo, não pensemos que então poderemos ser um discípulo abaixo da média, ou um discípulo mais ou menos, não. Se não pudermos renunciar o que nos parece precioso por amor a Cristo, então, não podemos ser seus discípulos, é questão sine qua non.

O discipulado no entanto, não é um processo onde apenas renunciamos, "perdemos", de forma alguma, ele implica também em ganhos e recompensas. Quero encerrar com o texto de Mc. 10:28-30:
“E Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos, e te seguimos.
E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
Que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna.”

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