Me deixem ser quem sou. Assim, pecador alcançado pela graça, imperfeito, homem mau às vezes, porque não consegue ser perfeito, porque luta para ser, mas sabe que nunca conseguirá. Me deixem me alegrar por um momento, me sentir que Deus sorriu e olhou para mim e me deu sua paz, porque pelos menos viu que estou tentando, que luto para ser o que Ele quer que eu seja.
Me deixem chorar sem ser por tristeza, me deixem chorar diante da vida que me emociona, diante do caos que me cerca, da hipocrisia que me faz gritar, gemer, desesperar dentro de mim. Por favor, me deixem, me deixem ser assim como sou. Me permitam deixar tirar a paletó e a garvata para ser eu, o adorador, o homem menino, que quer pular e dizer suas bobagens para quem não as tem como tal.
Deixem-me sair da caixa onde me enclausuraram, me deixem sair dos ditames das tradições perversas que me impedem de sentir e viver o evangelho como ele é, de beber da maravilhosa graça e desfrutar da comunhão que está aqui perto de mim, que me convida a uma vida abundante, mas me disseram que não, que eu devo ser como alguns são, nunca eu.
Me deixem ser eu em meu quarto escuro de minh'alma e na sala clara da convivência com os demais.
Deixem-me rir, contar minhas piadas, abraçar sem reservas a quem amo e respeito, deixem-me pular gente, gritar e expressar minha adoração do meu jeito. Não olhem pra mim, cuide de você, viva você também, seja você mesmo, ora.
Me deixem. Me deixem confessar meus erros, não sou obrigado a viver a vida que desenharam para mim. Afinal, eu, sou eu e não posso negar quem sou.
Me deixem admirar sem ser cobiçoso, elogiar, sem ser interpretado como quem tem algum interesse. Por favor, me deixem.
Me deixem sair, correr debaixo da chuva, pisar o chão, abrir os braços e olhar a vastidão do céu e respirar o ar da vida que me foi proporcionada pelo dono de tudo, pelo Eterno, me deixem gritar minhas dores, minhas alegrias e ser apenas eu.
Não me façam interpretar, não sou ator.
No teatro da existência humana, quero viver o papel para o qual o grande Autor da Vida me escolheu, onde assumo meu eu, quando as cortinas se me abriram no meu nascimento e as luzes do palco se acenderam para dar início ao Primeiro Ato de minha história, minha trajetória.
Se você não quer ser você, eu quero ser eu, então, me deixe. Por favor, me deixem!
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