22 de out. de 2009

CONTO DE UMA VISITA A UM MISSIONÁRIO

Senti a força do vento que, no impacto com a minha mão estendida pela janela do veículo alugado, refrescava meu corpo e me prazerava, levando meus pensamentos a anos antes quando do labor missionário por aquelas bandas. O vento frio era próprio daquela estação; ele trazia o cheiro forte do chão molhado, além de parecer querer anunciar que a sagrada semente do feijão fora lançada no solo fértil, e que seu verde forrava as terras anteriormente aradas por rudes mãos de homens de esperança.
Com a outra mão no volante compartilhava com meu amigo, Missionário Adailton Barbosa e sua esposa Hilda, minha emoção de voltar à região sertaneja das minhas lidas ministeriais. Ah, aquele simples e bom amigo que também vivera experiências iguais, de formas discrepantes, em lugares mais distantes e de importância relevante.
Ríamos com o coração gozozo e imaginávamos a alegria que traríamos a Antonio Almeida, um nobre Ministro do Evangelho, Missionário naquelas redondezas, a quem visitaríamos dali a alguns minutos sob a ordem da Semadesal (Secretaria de Missões da Assembléia de Deus em Salvador).
Como desejei que minha esposa estivesse ali, vivendo comigo a mesma emoção!
Não demorou muito para que avistássemos o Povoado de Mandacarú, encrustado num vale entre a Fazenda Serra Azul e a cidade de Pintadas, próximo ao Município de Baixa Grande, interior baiano.
Surpreendí-me sorrindo a cada volta que dava no humilde lugarejo, por sentir-me em terra conhecida.
Ao parar e buzinar na porta da modesta e antiga casa do Missionário, surgiu com olhar de quem diz: "Ufa! Até que enfim!", a esposa de Antonio Almeida, Missionária Erielina Almeida. Seu sorriso e abraço falava-nos mais que palavras, e num sussuro emocionado deixou escapar:
- Que bom gente! Ah, meu Deus, vocês aqui? Nem acredito! Não encontraram Antonio no caminho não?
Ao responder-nos não, Erielina voltou a falar:
- Ôche, mas ele tá beirando o caminho, esperando vocês! Foi nesta hora que, a pilotar uma velha moto, usando um bem surrado chapéu de palha, e com um sorriso de satisfação estampado no rosto marcado pelas experiências do campo missionário, chega o Missionário Antonio Almeida, que descendo da moto confessa ter-nos visto passar, mas imaginou que não o teríamos reconhecido por causa do seu traje totalmente diferente daqueles que costuma usar nas fotos enviadas para a Semadesal, anexadas ao seu relatório mensal.
Que bom foi ver aquele velho amigo, guerreiro incansável no Reino de Deus! A maneira como nos recebeu, sua emoção denunciada na face e nas palavras de agradecimento, fez-nos pensar na importância daquela visita, daquela atitude da Semadesal de visitar seus Missionários!
Ficamos alguns minutos sentados no sofá da sala construída sem esquadro, de cor escura, manchada pelas marcas da chuva que caíra dias antes, a sorrir e a contar as novidades uns para os outros, enquanto o manto escuro da noite fria cobria o Povoado pouco iluminado de Mandacarú.
Da sala ouvíamos as gargalhadas da Miss. Hilda, esposa do Miss. Adailton, já familiarizada com Erielina e outra irmã, membro da Igreja de Mandacarú.
Foi depois de tomar banho e fazermos uma leve refeição, que fomos ao culto. Foi uma noite especial. Como foi bom sentirmos de novo a maneira calorosa com que este povo nos recebe! Dentro do templo de ornamentações simples e placas que anunciavam nomes de grupos de louvor ou mesmo textos bíblicos aqui e ali, podia se sentir um clima de festa, e uma presença sobrenatural do Espírito Santo!
Após o culto e os cumprimentos na porta da Igreja, chegamos à conclusão que Deus realmente estava usando aquele missionário naquele povoado.
Antes de dormirmos, Antonio Almeida, deu-nos o seu relatório. Falou-nos das conquistas e necessidades e com um sorriso aberto e sotaque nordestino, sempre repetia a frase que já estávamos a decorar: "Gente, como é bom tê-los aqui! Há muito tempo desejava receber este apoio de vocês".
Pela manhã, após o café, em motos emprestadas, fomos conhecer mais três localidades onde o Missionário evangeliza. Estrada difícil, veredas estreitas, cancelas pesadas, obstáculos com os quais Antonio já se habituara, enfrentando-os todos os dias.
À tarde, logo após o almoço, nos despedimos. Ainda tínhamos que visitar mais um campo missionário em Boa Vista do Tupim, no Povoado de Terra Boa, onde nos aguardavam os Missionários Paulo César e Reigina.
Despedimo-nos várias vezes. O desejo de ficar mais, era grande, mas tinha que ser vencido pela responsabilidade da próxima visita.
Entedi que éramos parte importante neste contexto de Missões. Lembrei-me de quando o Evangelho chegou em Samaria através de Felipe, e Pedro e João foram dar apoio àquele novo trabalho, ou, quando Antioquia recebera a Palavra e, para lá, fora enviado Barnabé, que convidou Paulo para que o ajudasse na tarefa de discipular a nova igreja.
O apoio, não só financeiro, mas aquele que chamamos de moral, é parte importantíssima no processo de fazer Missões.

Um comentário:

chile para cristo disse...

PAZ MEU QUERIDO PASTOR E AMIGO
QUE BOM PODER RELEMBRA, MOMENTO QUE PASSAMOS JUNTOS .
ESPERO PODER TER O PRAZER DE VIVERMOS NOVAS EXPERIÊNÇIA AQUI NO CHILE.
DIOS LE BENDIGA

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