20 de jul. de 2011

O Amor de Nossa Sociedade e o Dia do Amigo

O amor de nossa sociedade é tudo, menos amor. Que o digam os filmes, as novelas, os comerciais de TV e os especialistas no comportamento humano de plantão. Procurando definir o amor, eles tecem um tapete brasileiro com linhas americanas, hollywoodianas, principalmente se for o amor que no grego bíblico é conhecido como "eros" ("ἔρως").
Na saga Crespúsculo, ele é mórbido, sombrio e versado em tom trágico. Para Shakespeare, ele é impossível de se viver, principalmente se for entre pessoas de diferentes classes sociais. Para as novelas globais, é banal, é sexo e nada mais, só dura enquanto houver juventude e libido.
Para os que se autodenominam intelectuais modernos, ele não tem gênero, pode acontecer entre pessoas do mesmo sexo.
Para Arnaldo Jabor, Rita Lee e Roberto de Carvalho, o amor anda na contra mão do sexo, um expressa uma coisa, o outro, outra. A idéia é que se pode fazer sexo sem amar, e, ao amar, o sexo perde a graça.
E se o amor for aquele conhecido como philos, que expressa amizade, ah, para este aí não há mais lugar, já se tornou nosso parente desconhecido. Ele morreu vítima do egoísmo de nossa sociedade capitalista e imediatista. Que se dane se o cara dirigindo atrás do meu carro está com pressa, a preferência é minha. Que exploda o vizinho de raiva com o som alto da música que toco. Que morra na estrada o cara que pede ajuda porque o pneu do seu carro furou; e se for um ladrão?
Não, o irmão que se senta todo domingo ao meu lado, eu não sei o seu nome, nem onde mora e por quais circunstâncias ele está cercado. Não, não posso dar uma oferta especial para quem quer que seja, meu dinheiro é para minha família, é para minhas economias. Por favor, não insista, não posso levar aquela anciã em casa em meu carro, amanhã é segunda-feira, precisarei acordar cedo. Não teria o Pastor obrigação de fazê-lo?
Diante desta tragédia de sentimentos e valores vivida por nossa sociedade, pela família, pela igreja, é estranho ouvir o Profeta da Galiléia dizer:
"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus." Mt. 5:44
Amar se tornou um desafio, uma expressão utópica que só se ouve dos lábios do estranho, daquele que não é mais deste mundo, apesar de viver nele. Daquele que teve uma experiência mística com o Filho de Deus, que teima em andar na contra-mão deste mundo pós moderno.
Amar se tornou um ato religioso e fruto de uma mente alienada, que vive aquém dos conceitos desta era de novas definições e reformulações dos padrões éticos e morais.
Todavia, amar é arma. Jesus choca sua sociedade quando pronuncia a verdade de Mateus 5:44. Ele a desafia a usar o amor como arma na direção de seus inimigos. Amar aqui, é fazer com o outro o que ele nunca faria para ou por você, desarmando-o da idéia errônea que alimentava acerca de você. A Parábola do Bom Samaritano é um dos mais belos exemplos deste princípio. O inimigo religioso ou político, pode ter atitudes de amor, pode expressar este amor.
O amor da Igreja não pode ser o mesmo amor pregado por esta sociedade. O amor da Igreja, do salvo, alcança o vizinho, o colega de trabalho, o cara nervoso e perverso no trânsito, o funcionário mal humorado da repartição pública, o mais simples e desafortunado irmão na fé. Nosso amor não pode ser o desta sociedade, mas precisa ser para com esta sociedade.
Pensemos nisto antes de COMEMORAR O DIA DO AMIGO...

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