24 de mai. de 2011

Um Líder Fadado ao Fracasso

Faço parte de uma das instituições evangélicas que mais cresce no país (pesquisas dizem que é a que mais cresce no segmento pentecostal), mas também uma das que mais perde membros para outras instituições. A doutrina ensinada pela Assembléia de Deus é bíblica e sua teologia, apesar de ser discutível, como qualquer outra linha teológica, é aprendida e respeitada por diversos segmentos evangélicos. Apesar do crescimento e respeito que conquistou nos cem anos de sua existência, a Assembléia de Deus, especialmente na Bahia, perde quando o assunto é formação de liderança. A instituição não tem um programa de formação de líderes. O curso teológico mais conhecido da instituição é o da ESTEADEB (Escola de Teologia das Assembléias de Deus na Bahia) e não dispõe de estrutura física adequada para formação de obreiros no Estado. Já a CEADEB (Convenção Estadual das Assembléias de Deus no Estado da Bahia) tem um curso que é feito na iminência da consagração a Ministro do Evangelho, geralmente feito em Feira de Santana e não dá ao candidato a formação necessária para exercer as funções ministeriais. Além disso, a maioria dos candidatos historicamente, são indicados por Pastores que, em alguns casos, não tiveram formação teológica, nem secular.
A CONFRAMADEB (Convenção Fraternal de Ministros das Assembléias de Deus na Bahia), não é diferente. Os ministros por enquanto só dispõem dos mesmos cursos que os da CEADEB.
Esta negligência com a formação do líder em nossa igreja está comprometendo o futuro da instituição. Os modelos de liderança vem sendo copiados através dos anos. É normal em toda Escola de Obreiros ouvir o mesmo estudo de quando eu era adolescente acerca da estratégia de Jetro ensinada a Moisés, ainda passam cópias de um questionário como se fôssemos do meninos da classe infantil da Escola Dominical. Este desdém com algo tão importante está fazendo surgir uma geração de neófitos na fé e políticos de púlpito.
Por causa desta tragédia ministerial, está se formando uma igreja que está andando na contra-mão da vontade de Deus, desorientada e doente onde não está surgindo candidatos ao ministério. Tenho visto alguns obreiros brigando por suas consagrações. Alguns saem da Adesal porque na CEADEB prometeram consagrar-lhes, outros vem de lá para cá com a mesma intenção. É como se estivéssemos nos dias de Constantino, quando os cargos sacerdotais eram vendidos ao nobres do império.
Por causa disto, temos aí líderes fadados ao fracasso. O líder que temos hoje em nossa instituição tem o seguinte perfil:
Político: ele resolve os problemas de acordo com as conveniências, passa por cima de princípios bíblicos, abraçando o pecado e "empurrando com a barriga" os problemas sérios e que precisam de solução. faz concessões, usa de apadrinhamento, faz vista grossa para sério erros, com o fim de se manter no poder. Faz alianças reprováveis e se torna mais amigo dos homens do que de Deus.
Festeiro: pra este o negócio é fazer festa. O importante é que as pessoas vejam que está tudo bem, mesmo que feridas estejam abertas, vidas estejam perdidas, pecados estejam encobertos, perdões não estejam sendo liberados, o importante é a aparência.
Administradores: infelizmente nossos pastores querem mais administrar do que ministrar. Eles acompanham de perto as entradas das ofertas e se esquecem de acompanhar as ovelhas em suas necessidades. Edificam prédios, salas, ampliam casas e não edificam vidas, não plantam na vida de suas ovelhas. Aliás, quando se reúne com os demais ministros é para dar o relatório financeiro e se reformou ou construiu algum prédio. Não se houve falar de quantos se converteram ou quantos foram batizados em águas ou no Espírito Santo ou ainda quantos foram curados e restaurados.
Dirigentes: eles só pensam em dirigir os cultos, tem até o dia especial dele pregar, mas não conhecem o estado de suas ovelhas, não descem do púlpito para abraçar aquelas irmãs que lhe sustentam na oração. Estes vem à Igreja só no dia em que ele é o pregador e nos demais dias se contempla um rebanho sem Pastor, sem direção.
Poderia citar ainda tantas coisas, todavia, até aqui já me causa tristeza suficiente, tristeza por ver que a instituição da qual faço parte poderia ser melhor.
Entendo que temos condições de fazer melhor, temos gente realmente chamada e capacitada por Deus para fazer esta Igreja uma potência em nossa cidade, em nosso Estado e assim, expandir o Reino de Deus. Quando digo fazer da Igreja uma potência é na verdade uma potência no que diz respeito a ser ferramenta poderosa para o engrandecimento do Nome de Jesus em nossa Bahia.
Não podemos mais aceitar este estado de coisas, não fomos chamados ao fracasso, mas à vitória. Quando nos levantaremos e faremos mudar este lamentável quadro?

3 comentários:

ELIEL BARBOSA disse...

Amigo Pr. Raimundo,

Em Cristo, sua paz e sua graça.

Esta indignação irá nos acompanhar enquanto persistir as formas ditas em teu post. A minha percepção é que esta nossa dor permanecerá por muito tempo, haja vista que, não vislumbramos qualquer intenção ou movimento de mudança nesta conjuntura. É uma pena.
Poderíamos, sim, ser uma potência nas mãos de Deus para contrapor, entre tantas coisas, o "evangelho-feiticeiro" das velas, dos sais, dos galhos de arruda, que algumas igrejas neo-pentecostais insistem em expandir, contrariando nossa liberdade em Cristo e escravizando mentes e corações no terrorismo espiritual. É uma pena.
Nossa denominação esta perdida dentro dela mesma.
Fique com Deus.

paulo disse...

Olá meu nobre pastor raimundo campos, paz.
Sabe pastor, olhando teu artigo(porque isto é um artigo)e de primeira qualidade, fiquei muito preocupado! O que o sr. diz aqui é a mais pura verdade e se assim continuar, o futuro de nossa instituição estará seriamente comprometido!!
Mas tambem é verdade que este trágico quadro só vai mudar se homens com o o sr., que é consciente dessa situação, tomar a decisão de fazer a cisão com este sistema que tem um só líder e todos o conhecemos. Enquanto não tomarmos esta decisão, sem sombra de dúvidas, coniventes, colaborando com toda sorte de erros que estão sendo preticados.
Abraços.

Pr. Raimundo Campos disse...

Obrigado Paulo, mas na verdade minha crítica é a Assembléia de Deus de um modo geral e não somente a Adesal. Se tivermos que fazer alguma "cisão", será com todo o sistema assembleiano que, pelo menos aqui na Bahia, está viciado, e vem ao longo dos anos repetindo discursos e estratégias que se tornaram obsoletas. A maioria dos nosso líderes pouco se importam com o treinamento de novos obreiros, eles sabem mesmo é "consagrar" um monte de despreparados e sem chamada, sempre levando em conta a maldita política e conveniência e dificilmente atentando para a voz do Espírito Santo. Contudo ainda creio em mudanças, creio em um Deus que "estabelece reis e os destrona".

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