
A eleição da executiva Dilma para o cargo mais importante da nação é prova cabal que a Democracia mostrou seu espírito, porque democracia se faz com discussões, ponderações e exercício da cidadania.
Pela primeira vez num processo eleitoral na nação tupiniquim, valores éticos e morais foram discutidos e debatidos. Opiniões foram dadas, algumas agressivas e sem fundamento, outras oportunistas e outras ainda, superespiritualizadas, como o caso de lideranças evangélicas que chegaram a profetizar a vitória do candidato que perdeu no segundo turno!
Segundo o site Estadão.com.br Dilma foi eleita com "26 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra no eleitorado mais pobre, com renda de até um salário mínimo".
Ainda segundo o site "Os católicos preferiram Dilma por um placar de 58% a 42%. Já entre os evangélicos a pesquisa apontou um resultado de 52% para a petista e 48% para o tucano".
O que deu errado na tentativa de demonizar Dilma? Porque as lideranças católicas e evangélicas perderam tanto tempo em espiritualizar o voto e esqueceu (?) de instruir os fiéis quanto ao voto do legislativo, cujas legendas são cruciais em qualquer democracia?
Porque o povo resolveu não seguir os discursos inflamados de alguns líderes espirituais? Porque pela primeira vez na história da religiosidade brasileira pastores elogiaram padres e padres elevaram nomes de pastores?
Os embates ferrenhos perderam-se diante da urna. O povo fez uma leitura antagônica aos discursos anti Dilma e PT e escolheu Dilma, escolheu o PT.
Tenho minha opinião sobre as "Bolsas" do governo petista, acredito que outras políticas deveriam ser seguidas ao invés de deixar o cidadão brasileiro refém da mísera bolsa, que o viciou e o fez fabricar seu status quo, aquele que adeque aos critérios das famigeradas bolsas.
Mas a Igreja Católica não distribui sua vastíssima renda com os pobres, pelo contrário, ela tira deles, quando recebe vultuosas contribuições do governo que terminam aumentando sua riqueza.
Já a Igreja Evangélica, que não recebe contribuições do governo, mas arrecada milhões dos fiéis, também se contenta ou, às vezes, se gloria com algumas atividades de cunho social e também nada faz pelos pobres.
O resultado está aí, foram os pobres que elegeram Dilma, foi na região nordeste que a Presidente eleita fez a diferença.
Se eu votei em Dilma? Bem, meu voto é secreto, assim como o seu, mas agora discursos inflamados feitos na hora H não resolvem. Os tais discursos deveriam fazer parte de um processo ao longo dos anos, um processo pedagógico, de despertar da consciência, capaz de formar mentes críticas e questionadoras.
Passamos a maior parte de nossa vida cristã falando de coisas espirituais e só falamos das terrenais quando, por alguma razão, nos sentimos ameaçados, santa paciência. Só podia dar Dilma mesmo.
Então, Bom Dilma pra você
2 comentários:
Meu caro Pr. Raimundo,
São muitas as lições que podemos extrair destas eleições, no entanto, quero me ater a apenas uma. Os líderes evangélicos precisam "voltar" para a Bíblia. Se possível, evitando "interpretar" o que está escrito e permitindo que a Bíblia fale por si só. A partir daí, teremos mais quatro anos para ensinar nosso povo a conhecer a Deus, conhecê-lo melhor, ter opções melhores e, enfim, votar melhor.
Acho difícil a Sra. Dilma fazer um governo melhor que o anterior, isto porque, o presidente Lula encontrou inúmeras condições favoráveis a sua administração. Duas delas, a ausência de um PT na oposição e um conjunto de situações econômicas internas e externas que favoreceram seu governo.
De uma coisa tenho convicção. O próximo governo vai continuar desvalorizando a família tradicional e permitindo todo tipo de agressão aos valores cristãos que defendemos. Daí, nossa responsabilidade será manter a capacidade de mobilização dos cristãos, acima de qualquer diferença e unidos naquilo que é comum a todos.
Estejamos preparados para daqui a quatro anos, se Deus quiser, estarmos prontos para, de uma vez por todas, deixarmos claro para os secularistas que a democracia contempla a opinião da maioria, goste a minoria ou não. Sendo assim, nossa voz poderá, dependendo de nosso comportamento, está mais forte para ser ouvida.
Fique com Deus.
Concordo Eliel, principalmente quando você diz: "Daí, nossa responsabilidade será manter a capacidade de mobilização dos cristãos, acima de qualquer diferença e unidos naquilo que é comum a todos". Para que esta "capacidade de mobilização" aconteça, nós líderes precisamos, num processo pedagógico, contínuo, gerar esta capacidade. Por isto, repito: "Os tais discursos deveriam fazer parte de um processo ao longo dos anos, um processo pedagógico, de despertar da consciência, capaz de formar mentes críticas e questionadoras". É este ponto do nosso posicionamento que critico. Se o povo evangélico e aqueles que prezam pelos valores éticos e morais fizessem parte deste processo, que gera a "capacidade de mobilização", como você mencionou com exatidão, então Marina seria eleita no primeiro turno. Mas ao invés disso tratamos o pobre da nossa Igreja como Lula trata o pobre brasileiro, com migalhas e depois queremos que os tais tenham capacidade de mobilização à queima roupa, com discursos altamente espiritualizados, mantendo o povo na escuridão do discernimento estritamente religioso, enquanto que este deveria acompanhar os discernimentos político, filosófico e sociológico.
Quanto a Dilma fazer um bom governo, também concordo, embora ache que Lula nos tivesse dado a mesma impressão quando da sua primeira eleição, mesmo com os prós citados por você. Todavia, entendo também que a capacidade de Dilma não deva ser avaliada pela de Lula e é isso que me preocupa. Não sabemos quais alianças e quais linhas políticas ela adotará ao longo de sua gestão, é esperar pra ver.
Grande abraço.
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