28 de set. de 2010

CONSCIÊNCIA POLÍTICA

O Governo Federal propaga índices no sistema educacional que apontam para um avanço na educação. Mais crianças na escola, menos crianças nas ruas, mais escolas construídas, surgimento de mais faculdades, de novos cursos, de mais escolas técnicas, aliás, escola técnica tem sido o pilar da propaganda política federal quando o assunto é educação.
Bem, não quero contestar números, pesquisas, índices e tal. Mas questiono a qualidade dos diversos programas e projetos educacionais. Sob este prisma, quais são os índices? Quais os progressos? Onde se evidenciam? Quais os índices da evolução cultural de nossos jovens? Eles estão mais conscientes de sua cidadania? Eles adquiriram, desde que se começou o surgimento de novas oportunidades acadêmicas, consciência cidadã, política? Eles discernem seu papel na sociedade e tomam atitudes que demonstram conhecimento de seus direitos e deveres?
Minha esposa é Orientadora Social do Projovem, projeto social do governo federal que visa o resgate da cidadania do jovem e adolescente, e nas oportunidades que tive de visitar com ela algumas escolas dos governos estadual e municipal, fiquei estarrecido com a pobreza da consciência cidadã que estes "nossos filhos" tem, do estilo de vida que eles estão escolhendo para si. Essas escolas públicas não tem se quer professor qualificado, muito menos pessoal preparado para lidar com a complexidade da vida adolescente. A rebeldia sem razão é o lema da maioria dessas "crianças", que se espelham nos modelos fomentados pela mídia e alimentados por pais e orientadores de formação cultural equivocada.
A leitura que fazemos do atual sistema educacional no Brasil, é de que a preocupação das autoridades não é educar, mas criar um sistema que dê a impressão de progresso com interesses meramente políticos. É propagar números como se somente isto fosse suficiente. Não senhores, números não são suficientes se não tiver o fator qualidade.
A falta desta qualidade, provoca a ausência de consciência cidadã e política. Numa sociedade onde a educação é embasada em números sem qualidade, os cidadãos se tornam alienados, descompromissados com seu papel.
Estou dizendo tudo isto, porque tenho percebido que a política nesta nação continua sendo a de "cabresto". Os poderosos dizem em quem você deve votar, porque se você não votar, você poderá perder certos "privilegios". E, as pessoas acreditam porque são produto de um sistema educacional que não forma cidadãos e sim indivíduos sem consciência de seu papel na sociedade. São produto de um sistema que lhes assegurou que basta ter nas mãos o canudo, mesmo que seja alcançado por instituições legalmente reconhecidas, mas despreparadas para formar, com preço acessível, já que sua capacidade intelectual não permite o acesso às intituições sérias, em consequencia de sua história escolar ter acontecido numa instituição que não lhe preparou para a formação acadêmica.
Como esta gente estará preparada para escolher os regentes desta nação? Um número considerável não sabe em quem votar para Senador, Deputado Federal e Estadual, as legendas mais importantes no processo eleitoral! É no Senado e nas Câmaras Federal e Estadual que passa a vida desta nação e o povo não sabe como e quem escolher! Pior, os oportunistas aproveitam-se desta situação e manipulam a escolha dos incautos.
Portanto, sem querer ser pessimista, visualizo o resultado destas eleições pior ou igual às passadas. Não avançamos nada no que diz respeito a esta consciência.
Fico observando Pastores falando em seus programas de tv e na internet, querendo evitar o que eles chamam de "escolha incorreta", mas eles mesmos só lembram desta necessidade quando as eleições estão às portas. Eles mesmos não educam a igreja, não tratam da questão social e política dos cidadãos que fazem parte de suas comunidades.
A defesa de determinado partido de ideologias que ferem princípios cristãos, faz parte de um processo histórico, do qual não fizemos parte por negligência e omissão. Por muitos anos mantivemos a igreja afastada de seu papel na sociedade e deixamos à mercê dos que pensam contrário aos nossos princípios, a tarefa de legislar e decidir em assuntos que comprometiam e comprometem nossa vida em sociedade. Agora queremos fazer pronunciamentos alarmantes, rotulando pessoas e partidos, criando confusão em lugar de esclarecer e informar.
Aqui vale a expressão do Profeta Jeremias: "De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados". (Lamentações 3:39)

Um comentário:

ELIEL BARBOSA disse...

Meu caro Pr. Raimundo,

Votei em Lula no passado, pois acreditava em sua trajetória de operário e nordestino. Acreditei, como o povo que o elegeu, que as mudanças estruturais seriam encampadas, possibilitando a erradicação das mazelas de nossa nação, que devem estar caracterizadas na melhoria de vida do seu povo. Não falo da benesse da transferência de renda pura e simples como o tão propagandeado "bolsa-família" que, para mim, é apenas uma forma disfarçada de "compra de voto, via compra de consciência", pois só apresenta a porta de entrada, não dando ao beneficiário a devida porta de saída para uma vida cidadã. Falo da melhoria do nosso sistema de saúde, de nossa segurança, de nossa moradia, de nosso sistema previdenciário, do sistema de educação, enfim, da "estrutura para desenvolvimento da vida dos brasileiros". Isto não veio. Pelo contrário, a corrupção continua, a impunidade continua, a pobreza no nordeste continua, o privilégio dos "senhores feudais", leia-se, banqueiros, exploradores do mercado financeiro, continua, a preservação do ambiente que propicia o desequilíbrio social continua...
O bom da democracia é a alternância de poder e a possibilidade que temos de mudar. Como disse votei em Lula na espectativa das mudanças que falei e outras mais, como não as enxergo, não concedo a ele o direito de me dizer em quem votar.
Uma boa educação e irresignação são essenciais para melhoria de nossa nação.

Pr.RaimundoCampos® - © Copyright 2017 - Todos os Direitos Reservados

Desenvolvido por:Producer Cia