"Ora, Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. 5. Ela se assentava debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ter com ela para julgamento." Jz. 4: 4, 5
Ao invés de destacar detalhes importantes sobre Débora e o livro de Juízes, quero deter-me apenas nas lições preciosas encontradas num dos textos mais conhecidos do sétimo livro da Bíblia!
Por causa da desobediência de Israel, o Senhor permitiu que seu povo ficasse vinte anos sob a opressão de Jabim, um rei cananeu. Três interessantes observações quanto a Jabim:
1. O rei de Canaã conseguiu escravizar Israel durante vinte anos;
2. Ele tinha um exército com novecentos carros de ferro (v. 3). Isso tinha relevância em termo de poder bélico, já que o versículo treze destaca isso novamente;
3. Jabim usava métodos cruéis para oprimir Israel (v. 3).
Logo, percebe-se que as circunstâncias deste momento histórico de Israel, era de medo, opressão, injustiça e desespero! Mas havia uma mulher que se levantou como mãe de Israel (5: 7) e nos deixou as seguintes lições:
1. Trabalho em tempo de crise!
Mesmo com o poder bélico de Jabim ameaçando diariamente a vida de Israel, mesmo com o medo como sentimento mais comum no dia a dia do povo, mesmo com as ameaças de extermínio, em meio ao desespero, respirando morte a todo instante, Débora não deixava de receber o povo debaixo de sua palmeira! A crise, as ameaças, o medo, a incerteza, não foram suficientes para fazer Débora parar. Aquela esposa de Lapidote entendeu que as circunstâncias, por mais difíceis que sejam, não podem parar aqueles que confiam no Senhor e que têm um trabalho a fazer! Posso imaginar aquela mulher indo para debaixo de sua palmeira, recebendo o povo, aconselhando, fazendo a vida seguir o seu curso, independentemente das adversidades! Ela não cruzou os braços, não ficou a lamentar e não deixou se levar pelo momento de desespero que abatia a sua nação. Quero te animar a trabalhar em meio à crise. É na crise que surgem verdadeiras lideranças, é em meio ao caos que nossos dons são aprimorados, que nossas experiências contribuem para o amadurecimento. É na crise que extraímos as lições que nos ensinarão pelo resto da vida.
2. Trabalho em condições precárias!
Qual era o gabinete de Débora. Qual era seu consultório? Débora tinha apenas a sombra de uma palmeira! Para Débora, os recursos ao alcance deveriam ser utilizados. Ela não precisava esperar por condições melhores para fazer o que ela tinha que fazer. Se ela poderia ser útil debaixo de uma palmeira, então, a palmeira seria sua plataforma de trabalho! Débora utilizou o que estava ao seu alcance, ganhou tempo e não o deixou passar. Influenciou em tempos de crise c recursos precários e limitados! Não fique aí parado esperando as coisas melhorarem, faça acontecer, utilize o que está ao teu alcance, faça do que você tem, o melhor instrumento de teu trabalho!
3. Iniciativa baseada na promessa!
Perceba as as palavras de Débora a Baraque: "Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes-Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não te ordena, dizendo: Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom; e atrairei a ti, para o ribeiro de Quisom, Sísera, chefe do exército de Jabim; juntamente com os seus carros e com as suas tropas, e to entregarei na mão?"
Entende-se que Baraque já havia recebido uma ordem de Deus para liderar uma batalha contra Jabim, mas não teve iniciativa! Talvez Débora tenha tentado dizer para aquele Capitão do fragilizado exército de Israel que a bênção de Deus já lhe estava garantida, mas era necessário uma atitude. Débora tomou a atitude, teve iniciativa e, por causa disso, uma das maiores batalhas do povo judeu no Antigo Testamento foi travada por causa da iniciativa de uma mulher! Débora chama a atenção de Baraque para o fato de que havia uma ordem de Deus. O Senhor não apenas deu a ordem, mas também prometeu a vitória! Portanto, Baraque poderia descer confiante à guerra. Ao invés disso, precisou ser sacudido por Débora. Ela, portanto, tomou a iniciativa, se levantou como "por mãe em Israel" e sua atitude deu início a uma batalha que livrou Israel de uma opressão de vinte anos! Mas é preciso notar que Débora não tomou uma iniciativa aleatoriamente, levada apenas por um sentimento de confiança e coragem, ela o fez baseada na promessa do próprio Deus de que entregaria Jabim nas mãos de Baraque (4: 6, 7)!
4. Uma autoridade incomum!
A liderança de Débora é algo a se destacar! Numa época remota em que a mulher estava mais fadada aos deveres domesticos, numa sociedade em que o homem tinha a primazia, esta mulher tinha uma posição civil e uma religiosa. Ela era juíza e profetiza (4: 4). Sua autoridade era reconhecida pelo povo (4: 5) e ela demonstrou essa autoridade diante de Baraque (4: 6 - 9). O texto do versículo seis diz que ela "mandou" chamar Baraque. O capitão do exército, além de não questionar as palavras de Débora, demonstra também que se sentirá seguro com a presença dela! Débora dá a entender que achava um absurdo um chefe de exército temer ir à guerra depois de ter a garantia dada pelo próprio Deus de que sairia vitorioso! Por causa disso é que ela diz: "...Certamente irei contigo; porém não será tua a honra desta expedição, pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. Levantou-se, pois, Débora, e foi com Baraque a Quedes. (4: 9).
5. Profetizando no meio da batalha!
Débora não apenas incentivou Baraque a comandar uma batalha sob as ordens do Senhor, ela foi com ele (4: 10). Além de ir, a presença daquela mulher da região montanhosa de Efraim, serviu de encorajamento para o capitão Baraque. Quando os novecentos carros de ferro do poderoso exército cananeu estava em posição contra Israel, quando a tensão tomava conta do amedrontado exército israelita, quando Baraque parecia demorar em avançar, Débora se manifesta mais uma vez e anima Baraque a se decidir por atacar. Sua palavra é: "...Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor entregou Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu adiante de ti?..." (4: 14). Até dentro da batalha Débora não deixa de profetizar e se constitui num instrumento de encorajamento e incentivo para um capitão cheio de incertezas e um exército desencorajado! Grandes líderes são aqueles que mesmo no meio das batalhas, debaixo de fortes pressões, não perdem a esperança e ainda acha forças para animar a outros. Grandes líderes são aqueles que independentemente das circunstâncias, exercem seu papel de influenciar, levando outros a acreditarem que a batalha pode ser vencida e que é preciso se levantar mesmo que os oponentes sejam ais poderosos!
Conclusão
Do versículo 15 ao 24, trava-se uma batalha em que Israel mostra superioridade graças à intervenção divina: "E o Senhor desbaratou a Sísera, com todos os seus carros e todo o seu exército, ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera, descendo do seu carro, fugiu a pé." (4: 15). O versículo 23 diz que Deus humilhou Jabim diante dos filhos de Israel e o 24 que "a mão dos filhos de Israel prevalecia cada vez mais contra Jabim, rei de Canaã, até que o destruíram." Foi uma vitória inesperada para Israel. Depois de vinte anos de opressão, o povo consegue se livrar de seu algoz graças a altitude de uma mulher que se deixou ser usada por Deus. Uma mulher de coragem e fé. Débora nos ensina que nenhuma adversidade é suficientemente forte para deter aqueles que confiam no Senhor e em sua promessa!
Um comentário:
Excelente!
Aprendi muito com as atitudes desta grande mulher. Essa geração precisa de mais "Déboras", mulheres que em meio as adversidades se levantam com fé, coragem, sabedoria e autoridade.
Parabéns pelo material Pr. Raimundo !
Deus continue lhe abençoando.
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