29 de dez. de 2011

Uma Visão Missionária Equivocada

Durante o tempo que estou em Salvador, trabalhando na Secretaria de Missões da Adesal (Semadesal), como Secretário de Comunicação e ministrando em várias igrejas acerca de missões, tenho observado que os conceitos acerca de missões precisam ser resignificados. Na verdade, a igreja precisa do que a Coordenadora de Missões do Setor de São Cristóvão, Marinéia Bonfim, chama de "educação missionária". Tanto a liderança, quanto os membros e congregados em geral, pensam que estão fazendo missões pelo fato de ter um número de obreiros transculturais enviados e sendo sustentados. 
Então, a coisa funciona assim: 
Para os líderes: ter alguém atuando na Secretaria de Missões respondendo pela causa, é suficiente. Ele responde por missões e é responsável pelo sucesso ou fracasso. Assim, resta tempo para as questões políticas e periféricas e, nas atividades missionárias da instituição eles aparecem, dão uma palavra incentivadora, acompanha por algumas horas o evento, e pronto, está feita sua parte!
Para a maioria dos fiéis: Ofertar é tudo. Ofertando, compra-se uma consciência livre.  Mônica de Mesquita em seu livro "Missionários & Recursos", enumera vinte tipos de contribuintes da obra missionária, entre eles, cito os que representam a maioria dos que investem em missões na igreja hoje:
Fiéis da Assembléia de Deus em São
Cristóvão envolvidos com atividade
missionária no DIP (Domigo da Igreja Perseguida)
  • O amigo: Contribui com certo missionário porque é amigo pessoal dele;
  • O constrangido: o que sente desconforto em dizer "não" quando é desafiado a contribuir;
  • O parente: contribui por ser parente do missionário;
  • O vaidoso: contribui para que todos saibam;
  • O indeciso: aquele que a cada mês envia para um missionário diferente;
  • O Papai Noel: o que só contribui em dezembro;
  • O oportunista: só contribui quando está bem financeiramente.
Assim, temos uma mentalidade missionária equivocada e uma crise de visão em missões. A obra missionária precisa ser definida para os crentes à luz da Bíblia. Mas, para que isto aconteça, precisamos de que sejam levantados ministros de missões. Obreiros de base que, estribados em uma visão bíblica e teológica, ensinem aos fiéis acerca de seu papel no contexto de missões.
Então, para que abandonemos uma visão equivocada acerca de missões, precisaremos:
Primeiro: uma mudança na mentalidade missionária de nossos líderes. E aqui está o maior de nossos problemas. A maioria dos líderes evangélicos estão comprometidos com: o crescimento apenas de seu rebanho, a divulgação do nome de sua denominação, com os assuntos políticos, entre outros. E, como disse acima, passam a responsabilidade da grande comissão para uma Secretaria de Missões e se contentam com os relatórios de seus Secretários de Missões, sem ao menos, conhecer pessoalmente seus missionários.
É urgente que líderes se comprometam com a obra missionária, sejam o porta voz da causa, que incendeiem o coração de suas ovelhas, que lhes apresentem uma visão de missões embasada nas Escrituras e numa visão específica de Deus para sua comunidade. Se o líder não estiver totalmente envolvido, todo esforço dos obreiros de missões na igreja local, será comprometido. As igrejas que eu ministro onde os líderes são os primeiros a levantarem a bandeira de missões, são as que mais respondem às necessidades das nações e dos missionários. 
Marinéia Bonfim, Coord. de Missões da
Adesal São Cristóvão em reunião com
sua equipe de Missões.
Segundo: precisamos de ministros de missões. Aqueles que na igreja local trabalham incansavelmente por missões. Mônica de Mesquita (Editora Betânia, 2011), os chama de "articuladores", eles não só contribuem, mas movimentam a igreja, fazem campanhas e incentivam outros a contribuir. No nosso Treinamento de Secretários de Missões, concedido pela Semadesal (Secretaria de Missões da Assembléia de Deus em Salvador) ensinamos que este ministro deve ser alguém com:  
  • Uma chama de missões; 
  • Alguém com vocação para a causa; 
  • Cheio de compaixão pelas vidas e pela causa dos missionários;
  • Alguém em sintonia com os missionários, atualizado;
  • Alegre e incentivador;
  • Que desfrute de bom testemunho e relacionamento com seu Pastor e os membros de sua comunidade, entre outras coisas;
Terceiro: a igreja precisa ter uma visão bíblica e teológica de missões, isto é, as definições acerca da grande comissão deve ser embasada nas Escrituras, além de ter uma revelação específica do Espírito Santo para sua comunidade (sobre esta visão específica, falaremos em uma outra oportunidade).
Treinamento de Secretários de Missões
da Semadesal: Julho/2011.
Quanto aos conceitos e definições de missões, precisam ser trabalhados pelo Pastor e seus ministros de missões, através da Palavra Pastoral, Seminários, Cursos, Treinamentos, Conferências, etc. Nestes encontros (ensinamos como prepará-los em nosso Treinamento para Secretários de Missões), aproveita-se não só para reformular os conceitos, mas a garimpar novos talentos, descobrir vocacionados, compartilhar visões e experiências.
É mais do que óbvio que, muitas outras atitudes precisam ser tomadas para que a igreja caminhe coadunada com a proposta da Palavra de Deus para a obra missionária. Todavia, estas três são as básicas e por elas já dá pra dar início a um processo de mudanças na mentalidade da igreja. Poderemos tratar das demais em uma outra postagem.

Pr. Raimundo Campos
Secretário de Comunicação da Semadesal

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