20 de dez. de 2011

O Bom e o Ruim do Festival Promessas

O nome do festival lembra o que todo evangélico está acostumado a ouvir, pregar e esperar: "promessas". Mas "promessas" aqui tem na verdade uma relação, eu diria, profunda, com expectativa monetária, isto é, o ramo gospel da música popular brasileira, "promete". Apesar da pirataria ser uma ameaça ao mercado fonográfico, acredita-se que o segmento evangélico é o que mais compra o "original". Logo, a senhora "plim, plim", vê no segmento gospel da música brasileira, a oportunidade de driblar o mercado clandestino e tirar a Som Livre da lama. 
Além disso, a exibição do Festival no último dia 18/11, às 13:00h., pela rede Globo de Televisão, rendeu-lhe 13 pontos no IBOPE, o dobro do domingo anterior de 7 pontos neste mesmo horário, o que servirá de um alerta para a chamada "poderosa", quando se discutir a exibição de programa gospel naquela que sempre ridicularizou os evangélicos em novelas e programas de humor ou ainda, sempre desprezou os eventos do segmento, mesmo que estes tivessem tido maior número de presentes que os dos grandes artistas da MPB.
Com a apresentação de Serginho Groisman, a direção do evento seguiu o estilo de textos que parecem ter saído dos script's do Criança Esperança. O texto foi tão bem elaborado, que parecia que uma igreja evangélica estava responsável pelo evento. Não temos dúvida que todos os que se apresentaram tem um talento extraordinário e que "alguns" tem contribuído para o sucesso da música gospel no Brasil. Todavia, quem fez a história da música evangélica não estava lá, por que o evento não era apenas da música evangélica, mas da música evangélica gravada na Som Livre. Por isso, faltou Shirley Carvalhaes, Cassiane, Ozéias de Paula, Logos, Luiz de Carvalho, Sérgio Lopes, Álvaro Tito, Martin Lutero, Banda e Voz, Gerd, Banda Rara, Novo Som, Rebanhão e tantos outros...
Durante o espetáculo, aquilo que já esperávamos: show, letras vazias e cheias de filosofia humanista, o negócio é entreter, ser popular, agradar. Já na abertura, o Pregador Luo, autor de letras fortes e evangelísticas, limitou-se a dizer nada. Com a canção "Coração Brasileiro", fez o que Gal Costa faria melhor com "Brasil, mostra tua cara". Na letra da música o que "dá sentido" é a "liberdade", mas não se sabe se é a liberdade alcançada em Cristo. Pra quem dizia nas entrevistas antes do evento, que esta seria uma oportunidade para evangelizar o Brasil, a maioria ficou devendo e mostrou o que qualquer cantor da música secular faz muito melhor. No meio da música de Luo, a expressão "a nossa vez chegou", parecia mais anunciar a vez "deles", de poderem gravar numa das maiores Gravadoras da América Latina e faturar milhões. "O Brasil é gol", prossegue Luo em em sua letra vazia de Deus, e busca frases cortadas do Hino Nacional, para completar uma canção que balança, mas anda na contra-mão da proposta tão anunciada. Ludmila não disse pra que veio, com sua tática de repetir uma só frase enes vezes, a pastora com 15 anos de carreira, também não disse nada ao Brasil a não ser exibir uma voz trêmula, bem diferente daquela de seus cd's. 
Assista o Festival completo:

Já Damares, escolheu uma letra com o título "Derrama Shekinah". "Shekinah é uma palavra com a qual todos os brasileiros devem estar bem familiarizados e deve ter facilitado a evangelização através da voz de Damares. Santa Paciência! A cantora se comportou como se estivesse no reduto pentecostal e ignorou a massa a ser alcançada, os não evangélicos. Por isso, devo repetir, o negócio era entreter e matar a sede da Rede Globo por dinheiro, ibope. A letra é de uma pobreza escancarada e não segue a mesma lógica que sabemos ter na teologia pentecostal. Imagine o não evangélico ouvindo: "vai derramar", várias vezes, deve dar um nó na cabeça do coitado. E a cantora ainda tem a coragem de dizer que "cadeias estão sendo quebradas neste lugar"!
Eyshila, com uma voz fraquíssima e menos potente que a dos seus cd's, seguiu o estilo de Damares, falou a linguagem gospel, falou de adoração, usou jargões tipo: "glória", "derrama" e foi só isso.
Cantores orando no palco do evento
Foto: Diário da Eyshila
O cantor da música gospel mais popular dos últimos 4 anos, Regis Danese, cantou a mesma música duas vezes. Sim, por que a canção "Tu Podes", que, com certeza, já é conhecida como "Bartimeu", apresenta a mesma história de "Faz um milagre em mim", só muda uma frase aqui, outra ali, mas a canção é mesma. A frase: "eu farei o que for preciso, pra que ouça minha voz" é a mesma "...só pra te ver e olhar para ti, e chamar tua atenção para mim...". Na verdade um outro "artista" já canta esta frase famosa: "eu farei o que for preciso para te ver...". Criatividade zero.
O que dizer de Fernandinho? Gosto de sua voz e de algumas de suas canções, mas neste evento, sua preocupação era sacudir a galera e fez o que Serginho Groisman disse que faria: representar o pop rock no gospel, nada mais. Com muito grito e exibição da habilidade com o instrumento, Fernandinho perdeu a oportunidade de dizer ao Brasil que Jesus Cristo é realmente o Senhor, preferindo se apresentar como um Lulu Santos. Em sua segunda música, seria melhor chamar a Sandy e o Junior, cantores da letra original, "vamos pular". Imitação barata e sem sentido!
Dona de uma voz poderosa, Fernanda Brum, anunciou em sua primeira música: "...encontrei no teu amor, alegria, vida eterna...", a única letra evangelística depois de 32 minutos de festival. Mas o que veio a seguir foi a sequencia do que fez o Pregador Luo que lhe acompanhou na canção "Pavão, Pavãozinho". A letra inteligente, é uma crítica ao sistema comprometido com a corrupção, injustiça social. Mas nem o rap do Pregador Luo apresentou Jesus como deveria, que só aparece numa pequena frase.
O ex Toque no Altar e Trazendo a Arca, Davi Sacer, não trouxe novidade, limitou-se a canções de sucesso do tempo de Toque no Altar e a pedir "de volta o que é seu", na famosa "Restitui".
Agora, Ana Paula valadão e sua Banda Diante do Trono, pareciam ser as estrelas do evento. Os produtores deixaram para última apresentação a Banda com 7 milhões de discos vendidos.
As músicas de Ana Paula, embora pareçam ter a mesma partitura, na minha opinião, foram as canções com letras mais equilibradas, com mais sentido e com um propósito mais evangelizador. A primeira canção: "Preciso de ti", mostra alguém que precisa de Deus e seu perdão, não de seus milagres e bençãos, ou de sua restituição, ou ainda de sua glória derramada. Na canção, Deus é o que mais é ansiado pelo compositor. Na canção, a existência sem Deus, não vale a pena e para a autora, Ele é mais importante que o ar que ela respira.
A segunda música então, é um tributo ao amor de Deus. A canção "Me ama" revela um amor que tira do coração do pecador a aflição e o faz ver a glória de Deus. Cerca de 14:00h., no horário da Temperatura Máxima, Ana Paula Valadão está olhando para uma das lentes da Rede Globo, que transmite o evento para o Brasil e várias partes do mundo, e canta apontado para quem a vê: "Ele te ama" e prossegue dizendo que "nenhuma dúvida, ou questionamento acerca do seu amor prevaleça, quando olhamos para a cruz" e convida as milhares de pessoas que se amontoaram no aterro do Flamengo a declarar João 3:16, a passagem conhecida como o texto áureo da Bíblia Sagrada, ou ainda, "o Evangelho em um versículo". Foi o momento em que podemos dizer que o Brasil foi evangelizado, independente dos interesses gananciosos da Rede Globo.
Ana Paula encerra sua apresentação com uma canção que ovaciona o Cordeiro de Deus, declarando sua Santidade e  Majestade.
O final foi bom. Foram felizes na canção escolhida para cantarem juntos. A canção que se eternizou entre os evangélicos, de autoria de Asaf Borba e J. Gottfridsson, "Alto Preço", parecia dizer que os evangélicos no Brasil deveriam pensar como o corpo de Cristo comprado pelo seu sangue e não como apenas denominações. O preço foi pago para que todo que crê em seu nome, sejam "irmãos", sejam "um". A canção desafia-nos a também pagar o preço "de sermos um só coração no Senhor" e o recado a todo evangélico foi dado: "...e por mais que as trevas militem e nos tentem separar, com nossos olhos em Cristo, unidos iremos andar..."
O Brasil ouviu, na tarde de domingo na Globo, milhares de evangélicos gritarem o nome que está acima de todo nome: JESUS durante 25 preciosos segundos da Rede Globo de Televisão.

2 comentários:

Sydyaraujo disse...

A Paz do Senhor caro Pr.
Muito interessante a percepção obtida do "festival promessas", interessante pq pensei no mesmo, mas se fosse descrevê-lo não descreveria com a mesma eficiência, em suma, aí está tudo.
É claro q a "senhorita plim, plim (como diz o sr), não iria deixar de dar mais tempo a quem no segmento gospel mais da lucro a ela, no entanto Diante no Trono foi quem salvou a tarde, estava assistindo junto com minha esposa e ela acabou cochilando dado às "grandes apresentações", me frustrei rsrsrs, esperava mais.
Videira, letra boa, mas geralmente qm a ouve esquece de meditar e prefere ir na levada do "axé", afinal o corpo precisa e precisamos dar entretenimento aos crentes senão eles voltam para o mundo!
Sinceramente perdi um tempinho no domingo, se eu soubesse só assistiria o minutos finais, pq fez a diferença, mostrar ao Brasil e ao mundo q sem Deus não somos nada e precisamos d'Ele, esse é o nosso Ide, espero em Deus q a semente plantada aos 45m do 2º tempo germine e dê muitos frutos para a glória de Deus, a última música então, me fez repensar se de fato estou dando valor ao preço pago na Cruz e estou sendo um com meu irmão, q Deus nos abençoe e oremos p q o próximo tenham GRANDES ATRAÇÕES como as q o sr citou, eles sim, marcaram a minha vida e de muitos.
O forte abraço fraternal e se até o encerrar do ano eu não postar mais nada, desejo-lhe um bom Natal e um 2012 com as bençãos inauditas da parte de Deus.
Sidiney

Paulinha Bitty disse...

Pr. Raimundo, a paz do Senhor!!!

Você conseguiu descrever perfeitamente e criticamente o Festival de Promessas transmitido pela Rede Globo. Considero que sua análise evidencia os interesses econômicos, além da falta de percepção espiritual dos cantores que perderam uma excelente oportunidade de declararem o amor de Deus através de suas canções, pelo menos é o que vimos na transmissão.
Por outro lado, talvez eles tenham cantado hinos que dignificaram o Nome do Senhor, porém, acredito que a emissora deve ter feito uma seleção do que iria ao ar e o que não, até porque acredito que a maioria dos "artistas" não cantariam apenas uma canção.
No meu ponto de vista, a emissora optou pelas canções que faz o povo balançar o corpo, mas que não toca na alma.
Realmente como Damares escolhe o hino "SHEKINAH" para um momento como aquele? Assim como o pregador deve adequar a sua linguagem para o público de ouvintes, da mesma forma os cantores devem selecionar os hinos dependendo da ocasião.
De qualquer forma foi um momento marcante para os evangélicos e espero que saibamos aproveitar melhor estas oportunidades para divulgar o Evangelho aos brasileiros e ao mundo.

Parabéns pela excelente análise!!!!
Paz!!!!

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