Maria Rita de Souza Brito Lopes, a nossa irmã Dulce como era conhecida, partiu para a eternidade em 1992 e deixou um legado de amor ao próximo sem precedentes. Os baianos católicos participaram de uma missa em Salvador celebrada pelo Cardeal Geraldo Majella e assistida por autoridades políticas como a própria Presidente Dilma Rousselff, o Governador Jaques Wagner, o Prefeito João Henrique, o candidato derrotado a Presidente José Serra, entre outros. Durante a homilia do Cardeal, uma sentença contraditória com o fato: "O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos de Éfeso, assim exortou: 'Em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor. ... Sede imitadores de Deus como filhos queridos. Vivei no amor, como Cristo também nos amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor', (1, 4. 5,1-2)."
Ora, se Cristo nos elegeu, antes da fundação do mundo, para sermos santos, então não há razão para a beatificação da senhora Maria Rita. Segundo informou o 24 Horas News, "O caminho para a santidade, ... é longo: os candidatos têm que ser reconhecidos como venerável, depois como beatos e só então após a comprovação de um segundo milagre se tornam santos."
A santidade segundo a Bíblia além de ser um ato de Deus em nossa vida, é também uma atitude de cada cristão: "Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. " (I Pe. 1:16).
Para nós cristãos evangélicos, a santidade é inerente, ela faz parte do caráter daquele que encontrou em Cristo a salvação, não a alcançamos por obras ou méritos, mas por uma decisão em seguir a Cristo e viver o padrão que Deus estabeleceu-nos em sua Palavra. No eterno propósito de Deus descrito em Efésios no texto citado pelo Cardeal, fomos destinados a uma vida de santidade mediante Cristo.
As obras da irmã Dulce ficarão na memória não só dos baianos, não só daqueles que foram acolhidos por ela, não só daqueles que até fora do Brasil a honram, mas antes de qualquer coisa, no coração de Deus.
Segundo Rogério Bitencourt em seu artigo "A vida de extravagâncias de Irmã Dulce", a freira "chegou a invadir cinco casas na Ilha dos Ratos para abrigar pessoas doentes, recolhidas nas ruas. Naturalmente, como era de se esperar, irmã Dulce foi expulsa com seus flagelados e deu início a uma peregrinação de 10 anos, ocupando temporariamente diversos lugares até que com muito trabalho e perseverança, conseguiu transformar um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue, que mais tarde passou a ser o Hospital de Santo Antônio, um centro de atendimento social e educacional que continua atendendo carentes até hoje."
O fato é que, enquanto entre nós esteve, irmã Dulce talvez tenha feito o que nós evangélicos baianos jamais tivemos a coragem de fazer. Ela ousou, não se importou de ser chamada de louca, esteve entre os miseráveis. A alta sociedade de Salvador que compareceu à missa de sua beatificação se quer pensa em chegar perto dos miseráveis; a aplaudem, mas vivem longe da bondade e da misericórdia que a senhora Maria Rita de Souza Brito Lopes manifestou aos pobres e desamparados.
Para que a freira chegue a ser considerada santa pela Igreja Católica, o processo no vaticano continua, a fim de descobrir "mais" um milagre operado por ela.
Não creio que ela tenha realizado milagres, pois milagres é atribuição dada somente àquele que pode realizá-lo: Cristo. Todavia, sua vida foi um milagre, suas conquistas se constituíram num milagre, seus desafios foram vencidos milagrosamente. Ela chamou a atenção por estar inserida numa sociedade distante da bondade e da misericórdia. O surgimento do Hospital Santo Antonio, conhecido como Hospital da Irmã Dulce, é um milagre e tem se constituído em milagre na vida de milhares que passam por seus corredores e são atendidos pelos profissionais da instituição.
Enfim, a Igreja Católica Apostólica Romana não tem poder de atribuir santidade a irmã Dulce ou a qualquer outro ser humano. Santidade é um estado de quem se santifica através de Cristo e seu sangue derramado na cruz e de uma vida de renúncia ao pecado e obediência aos princípios estabelecidos pela Palavra de Deus.
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